Bem-vindo(a) ao seu primeiro dia como Chefe de Desenvolvimento de Jogos na "Sua Lógica Estúdios". Sente-se, pegue um café. Temos um grande desafio de portabilidade para resolver.
Então, a sua equipe de desenvolvimento trabalhou arduamente para criar e lançar o aclamado título "Minecraft" na plataforma do Google Android. Você publicou seu jogo na loja deles, a Play Store. O Google ficou com a comissão dele, você com a sua parte, e o cliente ficou feliz. Missão cumprida, certo?
Só que agora, o seu cliente decidiu que quer jogar no ecossistema vizinho, o elegantíssimo, Império da Apple iOS.
Como desenvolvedor(a) chefe, você sabe que o iOS fala uma "língua" completamente diferente do Android. Isso significa que você precisou contratar uma outra equipe de desenvolvedores para reescrever e adaptar o jogo inteiro para funcionar perfeitamente nos iPhones e iPads. Eles usaram ferramentas diferentes, seguiram regras diferentes e otimizaram tudo para o hardware da Apple. Foi um investimento considerável de tempo e dinheiro.
Agora, o seu departamento financeiro tem um dilema: a Apple, dona da App Store, exige que todas as vendas para o seu sistema sejam feitas através da loja dela. E, claro, ela quer a fatia dela de 30% em cada venda.
Aí chega o seu cliente e diz: "Escuta, eu já dei dinheiro para a sua empresa lá na loja do concorrente. Por que eu não posso simplesmente pegar uma cópia de graça aqui na loja da Apple?"
Como você, o(a) desenvolvedor(a), responderia a isso?
Você explicaria que a loja da Apple não tem a menor ideia do que foi comprado na loja do Google? Que o Google não vai educadamente transferir o dinheiro da compra original para a Apple? Que a Apple, por sua vez, não vai abrir mão da comissão dela e pagar aos seus desenvolvedores da versão iOS do próprio bolso por pura bondade?
A resposta curta e, do ponto de vista do seu novo cargo, dolorosamente óbvia é: não, não tem como recuperar a compra.
São duas lojas diferentes, de duas empresas rivais, vendendo dois produtos que, embora tenham o mesmo nome, são tecnicamente diferentes e exigiram trabalhos de desenvolvimento distintos. É como comprar um filme em Blu-ray e querer que a Netflix o adicione na sua conta de graça porque... bem, é o mesmo filme.
Bem-vindo(a) ao divertido mundo do desenvolvimento multiplataforma. Agora, vamos ao trabalho, que a versão para consoles não vai se programar sozinha.