Completamente de acordo. Desde a chegada da Apple ao mercado português, nós consumidores em Portugal sempre fomos fiéis à marca, investindo nos seus produtos premium, desde iPhones a MacBooks, iPads e Apple Watches. No entanto, a consideração da Apple pelos falantes de português europeu tem sido, no mínimo, vergonhosa. Até à data, a Apple recusa-se a disponibilizar suporte para o português de Portugal na Siri e futuramente o mesmo vai suceder com a inteligência artificial, optando apenas pela variante brasileira da língua.
O mais revoltante é que a Apple já disponibiliza o inglês em variantes como a da Nova Zelândia ou da África do Sul (e há mais), ambas com menos “falantes” que o português europeu. Mas para Portugal, nada! Como justifica a Apple que variantes do inglês com menos utilizadores sejam priorizadas, enquanto ignora completamente os portugueses? Será que o mercado português não é suficientemente lucrativo para merecer reconhecimento?
O argumento de que “os portugueses podem usar o português do Brasil” é completamente desrespeitoso e mostra um total desconhecimento da realidade linguística. Os falantes de português europeu não aceitam ser forçados a usar uma versão da língua que não é a sua, com expressões, construções gramaticais e até diferenças fonéticas que soam completamente artificiais. A Apple reconhece a importância de variantes para outras línguas, mas quando se trata do português europeu, simplesmente ignora a sua identidade linguística e cultural.
Além disso, esta atitude não é nova. Durante anos, a Siri e diversas outras funcionalidades de software da Apple foram lançadas em múltiplas variantes do inglês e de outras línguas, mas nunca em português europeu. Não estamos a falar de uma dificuldade técnica, pois outras empresas como a Google já disponibilizam os seus assistentes de voz e serviços de IA em português de Portugal. A única razão para esta exclusão é falta de interesse e consideração por parte da Apple.
Dada esta atitude da empresa, os consumidores portugueses devem dar uma resposta à altura. Se a Apple insiste em ignorar-nos, talvez esteja na altura de os utilizadores portugueses ignorarem a Apple. Porque continuar a apoiar uma empresa que nos trata como cidadãos de segunda categoria? Se a Apple valoriza tanto os mercados onde tem forte concorrência, então está na hora de pressionarmos e exigirmos aquilo que nos é devido. Se a Google, Microsoft e outras empresas conseguem, a Apple também pode. Basta querer.
Por isso, apelamos a todos os utilizadores portugueses que façam ouvir a sua voz: enviem queixas para a Apple, deixem avaliações negativas, pressionem através das redes sociais e considerem alternativas no mercado. Se a Apple não nos valoriza, talvez esteja na altura de nós, consumidores portugueses, mostrarmos que também sabemos fazer escolhas inteligentes, temos personalidade e amor próprio.
Desta forma, para mim, o primeiro passo é sair desta rede social. A Apple não merece mais do meu tempo até justificar a sua presença digital em Portugal. E só não me desfaço de todos os meus produtos desta marca porque são recentes, mas posso dizer que, até ao dia de hoje, como consumidor da marca, considero-me enganado pela Apple. Vende promessas e, quando adquirimos os produtos com a garantia de que teremos as melhores funcionalidades, estas acabam por não ser disponibilizadas ou ajustadas ao país de destino (pelo menos no caso de Portugal).
Para os “supostos portugueses” que andam neste grupo, lembrem-se: se não lutarem pelos vossos direitos, no futuro, o que a Apple faz hoje será replicado por outras empresas. É precisamente por causa da nossa passividade que somos tratados desta forma. Portanto, quando algo vos prejudicar, não se queixem…